segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Força na peruca


  "Força na peruca" é o titulo de um livro divertidíssimo de Mirela Janotti que fala sobre tragédias e comédias de um câncer. Conheci este livro quando visitei uma querida amiga e colega dias atrás, uma vencedora que em poucos minutos de conversa me ajudou muito. Obrigada xuxu. 
   
    Hoje me despeço do meu cabelo, que sempre gostei e cuidei. Por isso postei esta foto. Certamente esta é a última foto com este cabelo e ficará para recordação.
    Ontem foi meu aniversário e achei por bem encerrar o dia com os meus cabelos ainda. Já sinto eles fracos e começam a cair com facilidade. Agora, é um momento delicado, pois parece ser menos doloroso que a quimioterapia, mas não é. Mexe com a vaidade, mexe com o olhar - seu e dos outros.
  

Aniversário 3.1

Ontem completei 31 anos. Foi um dia alegre, feliz e de surpresa. Muitas ligações e mensagens legais me fizeram bem. De noite, minhas amigas apontaram aqui em casa com a festa completa. Trouxeram tudo..inlcusive a alegria e o carinho de sempre. Achei que eu ficaria quieitinha neste dia, só pensando no dia seguinte quando encararia o corte de cabelo careca. Mais uma vez um episódio que me deu força quando eu pensei que desabaria.
Eu amei a surpresa. Ah..também ganhei o vale peruca. Chorei...porque amizade assim não se encontra na esquina. Obrigada.:)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O que senti

     Seis dias após a quimioterapia. Hoje despertei, apesar da forte dor de cabeça. Digo despertar no sentido de querer sair do repouso, de casa.
     Após a primeira sessão, agora sim, senti na pele o que é a quimio. Das reações que tive senti enjôo (muito enjôo, sem vômitos), dificuldade para comer em função do mal estar no estômago, dor de barriga e, às vezes, prisão de ventre, dorzinhas chatinhas pelo corpo como se fossem fisgadas em locais específicos, fraqueza, moleza, sensação de cansaço. Tudo isso, tolerável, mas chato.   
     Você levanta, deita, levanta, deita, come, assiste TV. As costas doem se fica muito tempo deitada -  durmo somente em uma posição porque sinto descoforto com o catéter. Os olhos facilmente se cansam. Conversa um pouco mas logo se cansa. Tento me divertir um pouco na internet mas logo canso porque os olhos não querem mais. Imagine um gripão e os seus sintomas.
     Devorei um livrinho que ganhei no dia da primeira quimio e nele tem dicas valiosas sobre alimentação. Como de duas em duas horas, ou de três em três, pequenas porções de alimentos. Comer certo e beber líquido é muito importante para que o tratamento funcione. Nas madrugadas, acordo com sede e enjoada, então sei que é hora de água, água de côco, fruta, gelatina e por aí vai. Às vezes me pego deitada nos pés da cama, com meia luz, tomando ou comendo algo. Parece que estou sonhando.
    A partir do quarto dia, aliviaram os enjôos e as dores pelo corpo. O incoveniente agora é o mal estar da boca, se não me engano a mucosite. A lingua ficar irritada e é mais dificil para comer. A vontade é de escovar os dentes toda hora, mas isso fica delicado porque a boca está sensível. Tive forte dor de cabeça no sexto dia pela manhã, mas depois de orientada, tomei remédio e passou.
    Encerro o sexto dia bem. Hoje dei uma fugidinha e fui ver algumas coisas no centro da cidade. Uma horinha e me cansei. Amanhã, retomo algumas atividades, aos poucos.

  

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dica de filme

Segue uma dica de filme. Comédia. Muito boa.
http://www.cafecomfilme.com.br/filmes/item/280-50-50







1ª quimioterapia

Cheguei no Centro Oncológico do Cetrhon sorrindo. Foi um esforço danado, mas deu certo. Lembrei do pânico do dia da consulta – umas duas semanas antes -  enquanto eu aguardava na recepção. Quase sai correndo naquele dia, pois vi e ouvi pessoas entrando e saindo e cada uma  era uma situação diferente. Vi uma senhora que resistiu cortar o cabelo e aquilo marcou muito, era estranho porque parte tinha cabelo, parte não. Depois, enquanto um senhor que tinha acabado uma sessão de quimio, amarelinho, foi ao banheiro, a família mudou o tom da conversa e começou a falar coisas que me impressionaram. Pensei: - será que é sempre assim?
Nisso, quase comecei a chorar ali, sentada. Não conseguia olhar para o João Guilherme e para minha sogra que me acompanhavam. Então peguei o celular e disfarcei. Logo, entrei  na sala do dr. Rogerio Aguiar e saí de lá, firme e confiante. Logo a quimioterapia começaria e tudo passaria.
Mas então....entrei na clínica, no meu primeiro dia de quimio, sorrindo. João Guilherme me acompanhou  depois minha amiga e mama Dete ficou lá comigo. Foi divertido. A equipe do centro é muito bacana e isso ajuda demais. De imediato começaram as aplicações de medicação pelo cateter. Tomei remédio para alergia, para dor no estômago, para dor e náuseas e soro. Depois disso, começou a droga quimioterápica – taxotere e genuxal (ciclofosfamida). Farei ao todo quatro sessões de terapica oncológica (quimioterapia) a cada 21 dias, com acompanhamento de exames periódicos. Tudo devidamente explicado pelo enfermeiro José, maravilhoso e competente. 
E aquilo (medicação quimio) pingava, e eu olhava. Falei naquele momento com meus anjos e santos e todos os protetores possíveis. Deu tudo certo. Bateu um sono, durante o processo todo. Única reação que tive foi de olhos pesados e enformigou o nariz..de leve. Nada expressivo.
Saí de lá feliz, pensei: - isso não é o bicho. Cheguei em casa, todos ansiosos. Felizes que eu estava bem. Tomei uma sopa especial da sogra e minha mãe tinha organizado tudo pra mim.
Sei que as reações costumam acontecer nos próximos dois dias. É aguardar pra ver no que dá.

Começa a quimioterapia

     Esta é, sem dúvida a parte mais dificil do tratamento. Para mim, considerada  mais complexa que a cirurgia. Isso porque tem uma série de questões burocráticas, aprovações de laudos, e por aí vai.
Antes disso, dois dias antes de iniciar a quimioterapia, fiz procedimento cirúrgico para colocação de cateter.     
    Passei alguns dias nervosa, pois sou bem medrosa para qualquer situação que envolva hospital, cheiro de remédio, agulhas, pessoas vestidas de uniforme médico e gorrinho na cabeça. De uns meses pra cá também desenvolvi medo daquelas luzes em formato arredondado que iluminam a maca do centro cirúrgico. Toda vez que as vejo em hospitais, lembro da cirurgia da retirada do tumor em Porto Alegre e foi aquela a última imagem antes de eu apagar para iniciar a cirurgia.
     Então, hoje acordei cedo, as 7 horas. Tive um dia anterior bom, cheio de energias positivas. Minha avó materna chegou com meus tios e minha prima pra passar uns dia aqui na casa da minha mãe onde estou hospedada. Também fiz reiki e recebi visitas iluminadas e carregadas de alto astral.
     Retomando....hoje, acordei cedo, lá pelas 7 horas. Inexplicavelmente estava tranqüila. A sensação era que eu estava anestesiada. A partir deste dia tudo no meu corpo mudaria. Acordei João Guilherme e a Chica (minha equena cachorrinha) com carinho diferente.  Então, em função da ocasião, escolhi uma roupa especial. Coloquei um jeans, uma camiseta do U2, um boton de Nossa Senhora da Penha pendurado no sutiã e mais alguns penduricalhos, e meu all star. Veio um livro na minha cabeça. Aquela era eu...a eterna adolescente e aquilo que eu trajava refletia de fato a vestimenta com que eu passara a melhor fase da minha vida.
    Depois tomei café, a família toda já estava acordada. Percebia neles um certo nervosismo, mas pensei que eu não podia deixar a peteca cair, pois o que todos querem neste momento é que tudo fique bem e temos todos muita fé.
     Oito horas da manhã fui para o centro oncológico (Cethron). Estava calma, talvez porque tenha chorado tudo e mais um pouco uns dois dias antes de iniciar a quimioterapia.Você até controla e se prepara com terapias, mas as vezes, explode.